Em 2050 mais de 40% dos portugueses terá acima de 60 anos
Dentro de três décadas Portugal será uma das economias mais envelhecidas do mundo. A conclusão é de um relatório da HelpAgeInternational, uma organização não governamentalnorte-americana que estuda a qualidade de vida da população idosa a nível mundial.
No ranking “Global AgeWatchIndex 2015” – que compara as condições de vida dos mais velhos em 96 países – Portugal surge ao lado de países como o Japão, a Coreia do Sul, a Grécia, a Itália e a Espanha, em que mais de 40% da população terá mais de 60 anos em 2050. Em 2015, a percentagem de população portuguesa acima dos 60 anos é de 27,1%, sendo que se prevê que chegue aos 41,2% dentro de 35 anos.
Este dado revela-se preocupante do ponto de vista da sustentabilidade dos sistemas de segurança social, uma vez que o esforço financeiro das gerações futuras terá de ser bastante maior para assegurar o pagamento de pensões.
Entre os seis países que estão a ficar mais envelhecidos apenas o Japão – o país que apresenta, atualmente, a maior percentagem de população acima dos 60 anos (33,1%) – parece estar a preparar de forma sustentável as condições de vida dos seus idosos.
“Na década de 1960 o Japão adotou uma política de proteção social abrangente, introduziu um sistema de saúde global, uma pensão social universal”, refere o relatório, explicando como o investimento do país compensou do ponto de vista de ter uma população ativa mais saudável e uma maior longevidade. “O Japão é não só um dos países mais envelhecidos, mas também um dos países mais saudáveis e mais ricos do mundo”.
Em contraste, Grécia e Coreia do Sul são considerados os piores países para se viver para a população acima dos 60 anos.
Os países do Sul da Europa e Portugal
No ranking global da HelpAge, Portugal surge em 38º lugar da lista no que diz respeito à qualidade de vida da população idosa – Suíça, Noruega, Suécia e Alemanha ocupam os lugares de topo.
“A diferença mais notável é entre os países do Norte e do Sul da Europa, com base em escolhas do passado no que toca à proteção social”, destaca o documento. “Os países nórdicos, como Dinamarca e Suécia, deram início aos sistemas de segurança social há mais de um século. Os governos dos países do sul, como a Grécia, Espanha, Portugal e Itália, introduziram o sistema de pensões mais recentemente e foram entretanto afetados por medidas de austeridade”, lê-se.
O relatório refere ainda como a crise financeira que afetou a Europa em 2008 teve um impacto negativo nas gerações mais velhas, tendo interferido fortemente com o sistema e valor das pensões em diversos países. “As pessoas mais idosas na Europa do Sul foram muito afetadas, em particular na Grécia e em Portugal”, sendo que em alguns países, como em Itália, foi criada legislação para “encorajar as pensões privadas”.
A elevada taxa de desemprego na faixa etária dos 50 aos 60 anos, bem como os cortes financeiros feitos nas áreas da saúde e dos transportes subsidiados, por exemplo, são outros pontos negativos para a qualidade de vida da população idosa em Portugal, aponta o relatório.
De referir que existem atualmente cerca de 901 milhões de idosos em todo o mundo e que, nos próximos 35 anos, o número de pessoas com mais de 60 anos irá crescer para 2,1 mil milhões. A percentagem de idosos irá ser, nessa altura, de 21,5% da população global.