Como as decisões do BCE afetam e influenciam a poupança
Alterações nas taxas de juro, compra de dívida pública… Como é que as políticas adotadas pelo Banco Central Europeu afetam o seu dia a dia?
Que medidas decidiu adotar o BCE?
Uma das questões mais debatidas antes deste anúncio era quem assumiria o risco destas operações. MarioDraghi, responsável máximo do BCE, anunciou que 80% desse risco será suportado pelos bancos centrais nacionais, enquanto que os restantes 20% ficarão a cargo do sistema de partilha de riscos, pelo que o risco é assumido em conjunto pelo Banco Central Europeu e pelos governos de cada país.
Quais são os objetivos destas medidas?
O Banco Central Europeu, enquanto organismo responsável pelas políticas monetárias da Zona Euro, tem atualmente dois desafios importantes: o crescimento económico das diferentes economias que compõem a União Europeia e a luta contra a inflação, desafios que estão estritamente relacionados.A compra de dívida implica que o BCE injete dinheiro no sistema, com o qual se favorece o crédito, a atividade económica e o consumo. O incremento da atividade e o consumo implicam, por sua vez, que os preços recuperem e se evite o fantasma da deflação (a queda prolongada dos preços dos bens e serviços que adquirimos).
Manter as taxas de juros baixas implica “crédito barato”, o que permite aos particulares e às pequenas e médias empresas obter financiamento com menor custo e, desta forma, contribuir para uma maior atividade económica ao fazerem mais compras ou desenvolverem projetos empreendedores.
Porque é que a deflação é negativa?
A deflação, a queda prolongada dos preços dos bens e serviços que adquirimos ou subscrevemos, desencoraja o consumo e o investimento. Os investidores ou consumidores não investirão nem gastarão, pela expetativa de que daí a um certo período de tempo esse produto ou serviço poderá ser ainda mais barato. E isto, por sua vez, provoca uma queda da atividade e do consumo.Como é que afeta a poupança?
A política de taxas de juro baixas tem uma leitura dupla: beneficia quem precisa de dinheiro, uma vez que o preço do dinheiro é menor e, por conseguinte, o custo do financiamento também. A outra face da moeda é a de quem tem dinheiro, quem faz poupança. Com taxas de juros mais baixas, a poupança compensa menos.No entanto, face à poupança de longo prazo, como é o caso da poupança para a reforma, a situação pode ser diferente. Imaginemos alguém com 35 anos que tem um plano de pensão. Esta pessoa, pelo seu perfil de risco “decidido” (já que o seu horizonte temporal até à reforma é bastante alargado) terá a sua poupança investida maioritariamente em ativos de renda variável (a que normalmente chamamos “mercado acionista”).
Esta pessoa poderá ver a sua poupança premiada com estas medidas, já que geralmente omercado acionista “celebra” as medidas de estímulo da economia com comportamentos positivos.
Ainda assim é importante recordar que a poupança para a reforma é uma corrida de longa distância e não convém deixar-se levar pelos comportamentos (positivos ou negativos) do curto prazo, devendo fazer um controlo periódico da poupança com bom senso.