A idade média em que se começa a poupar situa-se, atualmente, nos 29 anos – um número que diminuiu relativamente à média de 33 anos registada em 2013. Tal poderá dever-se a uma certa “aprendizagem forçada” e a uma tomada de consciência dos constrangimentos económicos que o país tem atravessado. Curiosamente, a maioria dos portugueses que poupa fá-lo sem uma finalidade específica.
Ou seja, a poupança não tem um objetivo concreto, estando mais relacionada com questões culturais. Estas são algumas das conclusões avançadas no estudo “As Pensões e os Hábitos de Poupança em Portugal” desenvolvido pelo Instituto BBVA de Pensões no final de 2014, depois de uma primeira edição em 2013.
Apesar de o número de famílias que consegue poupar ter caído ligeiramente de um ano para o outro (40% para 34%), a poupança é, de forma geral, percecionada como uma prática cultural da sociedade. Cerca de 79% dos portugueses que conseguem poupar fazem-no para fazer face a momentos de dificuldade que atravessem num dado momento, e não necessariamente com um fim específico, como é o caso da poupança para a reforma.
De acordo com o estudo, um terço das famílias portuguesas declara que consegue poupar parte dos rendimentos, sendo que esta percentagem aumenta quanto mais elevada é a classe social. A tendência é que a a poupança seja feita mensalmente, e o nível de poupança média é de cerca de 18% do rendimento familiar.
Em 2014 este valor representou em média 207,7 euros de poupança mensal. Cerca de 27% dos portugueses consegue fazer poupanças mensais acima dos 250 euros, mas é igualmente relevante constatar que, em muitos casos, a não poupança acontece por incapacidade de poupar – devidos aos baixos rendimentos – e não por escolha, pois como vimos a poupança é até algo valorizado em termos culturais.
É possível traçar o perfil de quem mais poupa por mês: homem, com idade entre os 46 e 55 anos, pertencente a uma classe social média-alta e alta.
A reforma não preocupa um em cada cinco portugueses
Ainda que a reforma seja um assunto que preocupa bastante uma grande maioria dos portugueses, o estudo revela que essa preocupação diminuiu de um ano para o outro: de 72% passou para 66% a percentagem de pessoas que consideram sentir-se preocupadas em relação à reforma. Ou seja, um em cada cinco portugueses não demonstra uma preocupação clara com a reforma, com destaque para as pessoas mais novas.
E são os aspetos de cariz mais individual – como os anos de contribuição, a idade da reforma ou o valor da pensão – que encabeçam a lista das preocupações, comparativamente a fatores de carácter mais genérico como a sustentabilidade do sistema ou a incerteza no futuro.
Os mais jovens – quer por falta de literacia financeira, por sentirem que ainda têm muito tempo pela frente, ou mesmo porque ainda não têm uma atividade profissional estável que lhes permita definir uma poupança regular – e também as pessoas das classes sociais mais baixas são quem revela um maior desconhecimento dos aspetos económicos relativos à reforma.
Ainda assim, 45% dos portugueses afirma ter conhecimento da possibilidade de fazer simulação da pensão de reforma. Esse conhecimento tende a aumentar com a idade dos entrevistados e é também maior entre as pessoas que trabalham fora de casa.