A altura da reforma aproxima-se e as expectativas são bastantes. Terei conseguido poupar o suficiente para conseguir uma reforma que me permita manter o meu nível de vida? Se me reformar antes do previsto, irei ser muito penalizado? Estas e outras questões atravessam a mente de quem se prepara para terminar a atividade profissional e entrar no período dourado da reforma.
Procurar informação e aconselhar-se com o seu banco são procedimentos muito importantes, para que possa tomar decisões acertadas e que afetem de forma positiva o seu rendimento à altura da reforma. Da mesma forma, para que a realidade vá ao encontro das suas expectativas, é fundamental estar atento às mudanças estruturais que acontecem no sistema de Segurança Social, derivadas de decisões políticas e económicas.
Ainda mais quando se está na reta final e a poucos anos da reforma. A recente alteração da idade de reforma para os 66 anos, por exemplo, é uma medida que afeta uma grande parte da população que planeava reformar-se aos 65 anos.
Mesmo assim, são muitas as pessoas que não estão a par de alterações estruturais no que diz respeito à Segurança Social. No recente estudo “As Pensões e os Hábitos de Poupança em Portugal” desenvolvido pelo Instituto BBVA de Pensões percebe-se que a grande maioria da população (71%) não ouviu falar da reforma da Segurança Social ocorrida em 2007, sendo que a percentagem que acompanhou essas mudanças é maior entre as pessoas com mais idade e de classes sociais mais altas. Entre as pessoas informadas, os aspetos gerais, como a idade da reforma, e os aspetos económicos, como o fator de sustentabilidade ou a indexação foram os temas mais retidos.
Jorge Miguel Bravo e José A. Herce, investigadores e consultores na área das pensões, alertam que “as pensões são demasiado importantes para serem deixadas nas mãos de especialistas”. Num relatório sobre os sistemas de pensões em Portugal e em Espanha, reforçam que a população deve estar “profundamente envolvida na compreensão e monitorização dos sistemas que a afeta diretamente”.
Os autores defendem ainda que num futuro não muito distante a tendência será a intensificação dos diferentes regimes. “A evolução demográfica em curso, essencialmente caracterizada por um aumento da longevidade, garante que os regimes de pensões devam estar em constante mudança e adaptação o que, no geral, exigirá um maior esforço por parte dos trabalhadores e dos futuros pensionistas”, observam.
A importância da poupança complementar
De acordo com o estudo sobre os hábitos de poupança em Portugal divulgado pelo Instituto BBVA de Pensões, uma grande percentagem de pessoas mostra-se pessimista em relação à evolução do valor das pensões no futuro (cerca de 40%, um valor que ainda assim é menor que o registado no ano anterior, que rondava os 57%). Ou seja, acreditam que, caso se reformassem neste momento, a pensão de agora seria maior do que aquela que irão receber quando de facto atingirem a idade da reforma.
Essa crença e pessimismo deve-se, sobretudo, à crise económica e aos aspetos demográficos que observam no dia a dia. Mas são também bastantes as pessoas que esperam receber uma reforma maior do que a que receberiam se se reformassem hoje (cerca de 37%).
Bastante vincada é a convicção de que, para conseguir uma reforma adequada à manutenção do nível de vida, é necessário fazer poupança complementar. A poupança ao longo da carreira profissional é entendida como uma necessidade perante a reforma para 89% dos portugueses, dando origem a um comportamento de poupança para 33% da população.