A importância de definir objetivos para a reforma
A planificação é fundamental em todos os aspetos e fases da vida. Trata-se de definir uma série de objetivos, bem como as ações e etapas que nos permitirão a sua concretização. Ao longo da vida planificamos inúmeras ações: viagens, a compra de uma casa, a nossa carreira profissional… incluindo, claro, a planificação da nossa futura reforma. Porque é importante planificar essa etapa da vida? A reforma é uma fase da vida em que nos encontramos numa situação de maior vulnerabilidade, no sentido mais amplo da palavra, comparado com as fases anteriores. Por um lado, é mais provável que aconteçam determinadas contingências, como doenças ou situações de dependência. E, por isso, é importante ter uma boa segurança financeira. Por outro lado, a margem de manobra para fazer face a esforços financeiros adicionais, ou lidar com determinadas situações imprevistas é muito mais limitada. Uma vez fora do mercado do trabalho, os recursos com os quais podemos contar estão definidos: teremos uma pensão pública de maior ou menor valor em função das nossas contribuições enquanto trabalhadores e que, de qualquer forma, tende a ser bem inferior ao nosso anterior rendimento do trabalho, e a poupança privada que tenhamos conseguido criar para complementar esta pensão pública. Ou seja, o que não tivermos feito, em termos de poupança e planificação, até à altura da reforma, dificilmente poderemos fazê-lo a partir daqui. Estabelecer objetivos para a reforma, fazer planos para o futuro, ou seja, planificar a reforma, é algo que não só melhorará essa fase da vida, como também melhorará o dia-a-dia, devido à tranquilidade que se obtém ao saber que existe um plano para esse futuro. Permite ainda perceber mais facilmente se é necessário tomar decisões para manter esse plano de poupança no rumo adequado. Ideias para planificar Estabelecer uma linha temporal de despesas ao longo da vida É importante determinar, do lado da despesa, os marcos mais importantes: o fim do reembolso do Crédito à habitação, a data de fim aproximada dos estudos dos filhos, qual o custo atual das despesas de lazer e o custo estimado destas despesas de lazer durante a reforma. Isto ajuda a definir quanto dinheiro será necessário a longo prazo. Tomar decisões sobre o que fazer na reforma O que gostaria realmente de fazer quando deixar de trabalhar? Manter o estilo de vida anterior sem muitas mudanças? Mudar-se para o estrangeiro? Ou simplesmente viajar mais? Dedicar-se à sua casa no campo? Desenvolver novos hobbies? Com mais tempo livre do que aquele que se tinha na vida ativa, é importante pensar como se vai ocupá-lo e em que medida é que isso vai implicar mais ou menos recursos económicos. Analisar os recursos presentes e futuros Comece por analisar a poupança para a reforma que tem acumulada atualmente e quais as previsões de a aumentar. Estabeleça um plano de contribuições periódicas para essa poupança e calcule o valor que terá na altura da reforma. Esta é uma boa maneira de saber se a poupança prevista e os objetivos estão alinhados. Analise também qual o valor da pensão pública que irá receber. Isso dar-lhe-á uma ideia sobre os rendimentos que terá disponíveis na reforma. Pode fazer essa estimativa através do simulador de reforma A Minha Pensão. Tomar medidas Assim, com este plano completo de rendimentos e despesas, é possível tomar decisões para melhorar a nossa futura reforma, como por exemplo: Reforçar a futura pensão de reforma: quer através de poupanças privadas, aumentando as contribuições para os planos de pensões, quer tomando medidas para melhorar a pensão pública (por exemplo, um trabalhador independente pode aumentar a sua base de contribuição, ou um trabalhador pode aceitar um segundo emprego a tempo parcial). Rever os investimentos com maior frequência e ser mais ativo na sua gestão, mobilizando-os, por exemplo, para produtos mais conservadores. Ajustar aquilo que espera fazer na reforma para atividades e um modo de vida que seja capaz de suportar de acordo com os futuros rendimentos e despesas previstas. As circunstâncias mudam ao longo do tempo Em primeiro lugar, aquilo que pretendemos fazer na reforma são expetativas vistas a longo ou médio prazo. Chegados a essa fase da vida, podemos ter de modificar os nossos planos devido a limitações de saúde físicas ou psicológicas. Por outro lado, o nível de poupança que tínhamos previsto acumular até à reforma pode sofrer variações. Embora seja importante adaptar o perfil de risco dos nossos investimentos ao longo do tempo, a verdade é que o valor dos investimentos pode oscilar para cima e para baixo. Também pode acontecer que alguns imprevistos ao longo da vida nos tenham obrigado a recorrer a uma poupança que inicialmente estava destinada à reforma. O importante é que, ao definir objetivos, mesmo que estes não sejam muito específicos, estaremos muito mais bem preparados para gerir todas estas mudanças e imprevistos e ganharemos em tranquilidade no presente e no futuro.