A longevidade e o “greyny boom”
Ler todo o relatório: A longevidade e o “greyny boom” EN I ESP Neste artigo, o autor reflete sobre a longevidade e o envelhecimento através duma abordagem menos académica que o habitual, como se estivesse numa conversa com amigos, numa linguagem mais informal. Para José Antonio Herce, a sociedade não foi ainda capaz de compreender a longevidade e as suas implicações em áreas tão importantes, como as pensões. Prova disso é que a idade de reforma (65 anos) não mudou durante mais de um século, enquanto a expetativa de vida (no nascimento ou em qualquer outra idade, incluindo aos 65 anos de idade) duplicou durante o mesmo período. Ao mesmo tempo, os organismos e os planos relacionados com as pensões a todos os níveis não estão preparados para esta mudança. Quando e onde são promovidas soluções políticas, estas soluções não estão de modo algum desenhadas para fazer face nem sequer a um prolongamento linear da longevidade. Em particular, as políticas pro natalidade, concebidas, desenhadas e implementadas para ajudar a suportar os planos de pensões públicos (e privados) em todo o mundo (ou a acumular o suficiente para ter uma vida digna após a reforma), são especialmente erradas, dadas as atuais tendências normais da longevidade. Somente o reconhecimento do que é a longevidade e como esta evolui, contribuirá para que surjam soluções efetivas e eficientes. Estas soluções têm um denominador comum: quebrar o teto de vidro dos 65 anos de idade. Na opinião de José Antonio Herce, as futuras políticas na área das pensões devem ter em consideração uma série de pontos cruciais: A expetativa de vida à nascença tem vindo a aumentar praticamente de forma linear a um ritmo de 2,5 meses por ano ao longo dos últimos 160 anos e não há qualquer razão para esperar um declínio a longo prazo. No caso de Espanha, esta evolução significa que atualmente, a idade equivalente aos 65 anos em 1900 quando se observa a mesma percentagem de uma geração que esse ano superou a idade de 65, é de 91 anos, 26 anos mais. No entanto, se analisarmos hoje em dia a idade em que a esperança de vida é igual à de 65 anos em 1900 (9,1 anos unissexo), descobriremos que é de 81 anos, 16 anos mais. Alguns progressos recentes em laboratório estagnaram praticamente o envelhecimento na Drosófila e em outros insetos e animais. Isto pode acelerar a longevidade nos seres humanos e poderemos ainda vir a ser testemunhos desse facto durante as nossas vidas. Os planos de pensões atuais, sejam públicos ou privados, com base em benefícios definidos ou em contribuição definida, não podem suportar nem em termos de sustentabilidade nem de adequação (dos benefícios), nem sequer suportar o prolongamento da longevidade às taxas anteriores, que se são por devidamente descontadas. E menos ainda se o ritmo da longevidade se acelera. Neste contexto, a política atual, baseada principalmente em pequenos ajustes de idade para a reforma de níveis de benefícios e na promoção da poupança de longo prazo, é claramente insuficiente. No que diz respeito aos incentivos a favor da natalidade, a política é igualmente errada. Só faz falta bom senso, um lápis e alguns cálculos (sem ser necessário ter frequentado Harvard) para perceber que (e usando dados espanhóis e para Espanha) os 2,5 meses de vida extra de que beneficia cada coorte em relação à anterior (aos 65 anos, por exemplo), totalizando aproximadamente 100.000 bebés cada ano. O próximo passo é perceber que em vez de subornar as pessoas para que tenham esses bebés extras (deixando-os escolher, o que desejam fazer relativamente a este assunto) é realmente mais eficaz livrar-se da barreira tirânica dos 65 anos. Vamos tornar possível que este "greyny boom" ou boom dos grisalhos se materialize na economia e na sociedade e cairá o maná para todos.