Poupar ou investir para a minha reforma?
Pode parecer o mesmo, mas é mais do que possível que, chegada a altura da reforma, ter simplesmente poupado não seja suficiente
Uma vez que a tendência é que as pensões públicas percam protagonismo – devido às mudanças que têm estado a ser implementadas e que visam fazer frente aos desafios sociais e demográficos – será necessário complementá-las com poupança pessoal se não queremos ter um decréscimo notável do nível de vida na altura da reforma, relativamente ao que tínhamos durante a vida ativa.
Poderemos pensar, neste caso, que a solução passa por fazer uma poupança constante e com a maior antecedência possível durante a nossa vida laboral. Mas, o fato de se poupar será suficiente, ou será ainda necessário um esforço adicional para obter todo o rendimento possível desse dinheiro que vamos arrecadando?
Se poupamos…
O que é certo é que quem faz poupança não deve permitir-se a aplicar o seu dinheiro numa fórmula que se revela improdutiva, e menos ainda quando falamos de um objetivo de poupança tão importante de com um prazo de desenvolvimento tão alargado como a pensão de reforma.
A atual situação de baixa inflação e de risco de deflação não nos deve fazer esquecer que o crescimento médio dos preços num intervalo de tempo de, por exemplo, 30 anos, será positivo e enfraquecerá notavelmente o poder de compra de uma poupança que não gerou mais riqueza. Uma inflação de contornos normais, com níveis de 2% e 3% anuais, irá obrigar a que todos os anos o nosso capital acumulado obtenha rendimentos pelo menos nesses níveis, para evitar a perda dopoder de compra.
Se investimos...
Se me encontro a uma grande distância temporal do objetivo para o qual estou a poupar, posso assumir um maior risco do que se me encontrar a escassos anos. A margem de manobra é muito maior. No caso de se estar a poupar para a pensão de reforma, pode e deve ser-se mais ativo neste processo de investimento aos 30 anos do que aos 60 anos. Neste segundo caso, o objetivo deve ser de consolidação do capital gerado durante todos os anos anteriores, evitando qualquer tipo de risco.
Porque é que precisamos de investir e não apenas de poupar
A resposta é simples: cada vez precisaremos de mais capital para a nossa futura reforma. Eis as principais razões:- O valor das pensões públicas tende a ser cada vez mais baixo: É uma tendência que já observámos em países vizinhos que se encontram mais avançados nas suas reformas do sistema de pensões. Estreita-se o intervalo entre a pensão máxima e a mínima e as pensões públicas representam cada vez mais uma percentagem menor do salário recebido na vida ativa.
- Cada vez vivemos mais anos: É notavelmente maior o período em que vivemos na qualidade de reformados dado que, mesmo com a idade de reforma a avançar gradualmente, a esperança de vida continua a crescer e assim continuará a um ritmo considerável nas próximas décadas. Até 2050, em Portugal rondará os 90 anos, o que supõe 22 anos de vida a partir da altura em que se chega à reforma. Há apenas umas décadas, a diferença entre a idade de reforma e a esperança média de vida não excedia os 10 anos.
- Aumentam as despesas durante a reforma: Ainda que seja uma etapa da vida que não se caracteriza por grandes gastos ou investimentos, esta maior longevidade é cada vez mais exigente no que toca a despesas com os cuidados de saúde e tratamentos que as idades mais avançadas requerem.